Um dos nossos maiores problemas enquanto sociedade é a incapacidade de raciocinarmos coletivamente. A dimensão coletiva do ser humano é tão importante quanto a individual, ambas se complementam e uma não substitui a outra. Uma postura pode ser, do ponto de vista individual, desejável, mas detestável do ponto de vista coletivo. O contrário também pode acontecer. Se raciocinamos como indivíduos sobre aquilo que é coletivo, erramos. E a incapacidade de pensar como sociedade tem nos distanciado de qualquer ideal de desenvolvimento.
Do ponto de vista individual, a naturalização da morte não é
reprovável. Quando alguém morre, tendemos mesmo a buscar consolação e
significado no aspecto natural do evento: “ele já estava bem velhinho”, “parou
de sofrer”, “viveu muito bem”, “está melhor do que nós”. Essa postura, ainda
que nunca chegue a ser fácil, é necessária, e mesmo sábia, diante do
inevitável.
Não há nenhuma sabedoria, porém, na naturalização da morte pela
ótica coletiva. Quando, coletivamente, naturalizamos a morte, a consequência é
a perda daquele que talvez seja nosso único valor comum ainda sólido: a preservação
da vida. Esse valor é o que nos mantém civilizados. Se naturalizamos a morte
coletivamente, banalizamos o mal. E, a partir daí, o que há é o fascismo.
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