terça-feira, 26 de junho de 2018

MUITO ALÉM DOS LIMITES DA TRADIÇÃO: O ELEMENTO FEMININO NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO



O Cristianismo nasce, na Antiguidade Clássica, no encontro de culturas de diferentes povos: judeus, gregos e romanos. Essas culturas, dominantes nos primórdios da nova religião, eram diversas em vários pontos, mas muito semelhantes em seu patriarcalismo e machismo.

Situação Geral da Mulher na Antiguidade Clássica:
- O masculino era preponderante sobre o feminino;
- O espaço público era reservado aos homens e o mundo privado, da família e da casa, às mulheres;
- A mulher deveria pertencer a um homem que dela cuidasse e a protegesse: a seu pai, seu irmão, seu marido ou seu filho;
- A inferioridade intelectual era considerada como característica da natureza feminina;
- A maternidade era a finalidade primordial para a mulher, a única meta da sua vida;
- Fora do ambiente doméstico e da submissão ao homem, a mulher passava a ser uma prostituta;

Esses preconceitos eram verdades naturais para esses povos, gerando um ambiente de forte misoginia (aversão às mulheres). Fruto do judaísmo e propagado pelos romanos, o cristianismo não escapou dessa influência:

Pedro: I Pedro 3:1-7
Paulo: I Timóteo 2:8-15

Mesmo sob um olhar teológico, a Palavra de Deus é: Palavra de Deus para os homens, Palavra de homens para Deus e Palavra de homens para homens. É essas três coisas ao mesmo tempo e, entendendo isso, a nossa fé não será fundamentalista, mas tampouco esquizofrênica ou herege. Paulo e Pedro, ainda quando poderosamente guiados pelo Espírito Santo, eram homens, e, portanto, sujeitos à sua cultura e ao pensamento de seu tempo.

Seja como for, as breves palavras de Pedro e de Paulo foram utilizadas para perpetuar o pensamento misógino pelo ocidente cristão até os dias de hoje. Uma visão parcial e reducionista do capítulo 3 do gênese foi ainda fortemente difundida e aprofundada, para validar esse preconceito, ignorando os vastos exemplos bíblicos e da história cristã inconciliáveis com essa visão.
A tese aqui defendida é a de que a representação da mulher nos quatro evangelhos, bem como a atitude das primeiras mártires cristãs, é incompatível com a moral hegemônica vigente no que diz respeito ao comportamento ideal feminino. Em outras palavras, era impossível seguir Jesus ou difundir a fé cristã em seus primórdios sem extrapolar os estreitos limites que a tradição reservava às mulheres. Entendemos primórdios do Cristianismo como o período em que a nova religião não era hegemônica, até o século IV d.C.

- Rompendo a Barreira da Tradição: A Mulher nos Evangelhos
Os evangelhos mostram recorrentemente a cultura de silenciamento e descredito às mulheres e a necessidade de romper com essa barreira para seguir Jesus.

- Maria Madalena e as demais Apóstolas:
Ao longo dos séculos, o imaginário popular unificou a figura de Maria Madalena à de Maria Betânia à da mulher pecadora de Lucas 7. Nos evangelhos, porém, Madalena é identificada apenas como aquela de quem Jesus expelira sete demônios. Ainda assim, seu protagonismo vai muito além disso: ela é a representante de uma legião de mulheres que seguiam e assistiam Jesus, destacadas em Lc. 8:1-5 (ali são citadas Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e “muitas outras”).
Para uma mulher, seguir Jesus não era algo trivial: “deixar tudo e o seguir” implicava negar corajosamente a estrutura patriarcal que normatizava seu comportamento: era preciso deixar a esfera de seu protetor (pai, irmão, filho ou marido) e, tomando uma decisão soberana, sair dos limites do espaço doméstico para o público. E para a mulher, nesse contexto, ocupar a esfera pública significava carregar o estigma da prostituição, dando a cara a tapa, ou melhor, a pedrada.

Relegadas a segundo plano pela cultura de seu tempo, foram essas mulheres as escolhidas para serem as primeiras a ver Jesus ressuscitado, simbolizando o nascimento da Igreja.

Mc 16: 1-11 – Maria Madalena, Maria mãe de Tiago e Salomé.
Mt 28: 1-10 – Maria Madalena e a outra Maria.
Lc 24: 1-12 – Maria Madalena, Joana, Maria mãe de Tiago e as outras mulheres.
Jo 20: 1-18 – Maria Madalena.

As mulheres foram também as primeiras a anunciar a boa nova da ressurreição.

“E, partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de Jesus, se achavam tristes e choravam” (Mc. 16: 10).

Os discípulos, homens de um tempo machista, desacreditam a palavra das mulheres, postura natural em uma época em que se cria na inferioridade da mulher (mas que, infelizmente, ainda hoje é reproduzida).
“Eles, ouvindo que ele vivia, não acreditavam” (Mc 16: 11).
“Tais palavras lhes pareciam um como delírio, e não acreditaram nelas” (Lc 24: 11).

- Maria, Mãe de Jesus:
Os relatos da origem do menino Jesus vinham suprir questionamentos feitos à Igreja: como o Messias pode ser Nazareno se viria de Belém? Qual o misterioso segredo de sua concepção? Era ou não filho de José? Se não, isso não faria de Maria uma mulher adúltera?

A Genealogia de Jesus e a Prostituição (Mateus 1: 1-17)
Mateus escreve o seu evangelho por volta de 80 d.C. A Igreja já vive então um grande crescimento pelo mundo ocidental. Dentro do judaísmo mais conservador, os adversários da nova doutrina tentavam difamar Jesus associando-o a uma origem de prostituição, fazendo circular a versão de que seu pai teria sido um soldado romano. Mateus responde a esses questionamentos com a revelação da concepção pelo Espírito Santo. E, na genealogia de Jesus, sutilmente, o evangelista desconstrói o preconceito machista que embasava tais acusações.
Ali, em meio a dezenas de nomes de homens, de Abraão a José, quatro mulheres são citadas, além de Maria: Tamar, Rahab, Rute e a que fora mulher de Urias. Todas elas, mulheres destacadas da história de Israel. As quatro têm ainda em comum histórico sexual desviante de algum modo do rígido patrão comportamental que a tradição impunha à mulher e, por isso, carregam o estigma da prostituição. Trazendo isso à luz, um judeu cristão respondia ao preconceito de alguns judeus não cristãos, como se dissesse: antes de jogarem pedras no Nazareno e em sua mãe, vamos examinar se a ação de Deus na nossa história valida tal prejulgamento. A história de heroínas da fé, como Rute, não deixa dúvidas de que não. Indubitavelmente virtuosa, Rute esbanjava elementos femininos que o pensamento misógino continuaria temendo e combatendo por séculos: voz ativa, postura soberana, sedução.

Lucas 1,2: O Nascimento de Jesus sob a Ótica da Mulher
Há na Bíblia dois relatos do nascimento de Jesus. Se em Mateus 1-2, José é o protagonista da história, em Lucas 1-2, Maria assume o centro da narrativa. Em Marcos, o primeiro dos evangelhos canônicos a ser escrito, encontramos João Batista e Jesus de Nazaré já como homens feitos. Lucas, o mais feminino dos evangelhos, nos lembra que todo homem nasce de um ventre de mulher. Conhecemos ali intimamente Isabel, mãe do Batista, e Maria, mãe de Jesus. Os dois primeiros capítulos de Lucas foram fundamentais para que o Cristianismo penetrasse, mais tarde, em povos pagãos cuja simbologia dava grande importância ao feminino, à maternidade e à fertilidade. Maria foi a grande embaixadora do Cristianismo nessas culturas, em que um patriarcalismo rígido encontraria maior dificuldade de aceitação.

A Profetisa Ana (Lc 2: 36-38)
Se, ainda hoje, nossos ouvidos estranham as palavras “pastora” ou “reverenda”, Lucas não via hierarquia de gêneros no que diz respeito às coisas de Deus. À idosa que anuncia publicamente a glória de Jesus, o evangelista dá o título de profetiza, algo único na Bíblia.

Marta e Maria (Lc 10. 38-42)
A breve passagem que contrapõe Marta e Maria é riquíssima. Podemos ver essas duas mulheres como símbolos de dimensões da Igreja e da sociedade: do serviço e da palavra; do trabalho braçal e do intelectual; do espaço doméstico e do espaço público. Assim como Marta e Maria, todas essas dimensões têm valor e importância. Marta servia Jesus e os convidados da casa, enquanto Maria ouvia os ensinamentos de Jesus. Aquela ocupava o espaço reservado às mulheres, esta, invadia o terreno dos homens. Jesus elogia a escolha de Maria e deixa claro que não somente a ela era permitido estar ali, como sua escolha era digna de elogio. Sem desmerecer o serviço de Marta, Jesus relembra a importância central do alimento do espírito, derrubando qualquer barreira que o reservasse exclusivamente a um único gênero, supostamente mais capacitado para tal.

Jesus ungido em Betânia (Mt 26 6-13, Mc 14. 3-9, Jo 12. 1-8)
A mulher que ungiu os pés de Jesus é identificada por João como Maria, irmã de Marta e Lázaro.

Uma mulher, por iniciativa própria, empreende uma manifestação pública. Isso, por si só, era um escândalo, um incômodo para os homens naquele contexto. Os discípulos repreendem a mulher, desautorizam-na, deslegitimam e ridicularizam sua atuação. É preciso notar aqui que isso ainda é algo comum em nossa sociedade: a mulher ser desautorizada pelos homens em sua iniciativa própria, sempre com um bela desculpa, mas carregando em si a essência da ideia da inferioridade e submissão feminina. Mas Jesus, imediatamente, desautorizou a desautorização.

Por que molestais esta mulher? Ela praticou boa ação para comigo” (Mt 26:10).

Nesta passagem, Jesus empodera uma mulher diante dos homens de seu tempo e de todas as gerações futuras que receberiam o evangelho.

- A Mulher Adúltera (Jo 8:1-11)
A breve passagem da mulher adúltera sintetiza o rompimento de Jesus com o paradigma machista. Para realizar seu julgamento sádico, os preconceituosos, naquele tempo como hoje, apresentam pretextos muito nobres: a lei, a moral, os bons costumes. À mulher pecadora, exigiam todo o castigo e rigor da lei. Não olhavam antes, para seus próprios pecados. Sem nenhuma acusação, Jesus traz à tona o caráter pecador de todo homem. Reconhecendo nossa própria humanidade, somos impedidos de ser intolerantes com o outro. E Jesus, ele próprio, escolhe não condenar a mulher adúltera, pois não há lei maior que a lei do amor.

- A Mulher Samaritana (Jo 4: 1-30, 39-42)
E era-lhes necessário atravessar a província de Samaria” (Jo 4:4)
João descreve um belíssimo encontro entre Jesus e a Mulher Samaritana. Quando o evangelista informa que era necessário passar por Samaria, isso significa que era preciso romper barreiras, ir ao encontro do outro, daquele que incomoda. Visto que judeus e samaritanos não se davam há séculos, era compreensível que os discípulos achassem muito estranho que Jesus falasse com uma pessoa daquela província. E, no entanto:

Neste ponto, chegaram seus discípulos e se admiraram de que ele estivesse falando com uma mulher” (Jo 4: 27)

Para Jesus, além das barreiras das rivalidades nacionais e religiosas, era preciso romper a barreira de gênero.

A mulher samaritana estava muito longe do restrito lugar da mulher na sociedade antiga: tinha livre trânsito entre os homens e no espaço público, características automaticamente associadas à prostituição. Por fim, o próprio caráter escandaloso da vida pregressa da mulher samaritana possibilitou que ela fosse uma grande anunciadora do evangelho em Samaria (Jo 4:39).

- A Mulher de Pilatos (Mt 27: 19)
No julgamento de Jesus, Pilatos, sabendo da inocência do acusado, sentiu-se de mãos atadas, diante da pressão das autoridades locais (principais sacerdotes e anciãos) e da opinião pública (a turba de linchadores que, atuando como massa de manobra acéfala dos poderosos, arvorou-se de representante do “sentimento social”). Pensando em conciliar os interesses, o governador procurou dar ouvidos a todos, menos à sua própria mulher, a única que lhe deu o conselho correto.

Não te envolvas com esse justo” (Mt 27:19)

- A Mulher Pecadora (Lc 7:37-47)
Em casa de Simão, o Fariseu, uma mulher unge os pés de Jesus e os enxuga com os cabelos. O ato traz à tona todo o complexo de superioridade dos respeitáveis homens da cidade, bem como seu escândalo por ter Jesus deixado que uma pecadora o tocasse. Após enaltecer a atitude da mulher em relação ao descaso do próprio anfitrião, Jesus nos lembra que, diante do amor, qualquer preconceito se quebra.

Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama.” (Lucas 7:47)

As Primeiras Mártires
Ao longo de todo o período do cristianismo não hegemônico, ser cristã representava necessariamente romper as barreiras da tradição. A própria confissão de fé era uma manifestação pública e independente da aprovação de pais ou esposos. O exercício do protesto, ao abraçar uma causa marginal, quebrava também os moldes em que elas estavam imersas: matrimônio, cuidado dos filhos, submissão ao marido, ausência de vida pública e de iniciativa que ultrapassem os limites do lar. As mártires exerciam seu direito a ser autônomas, negando-se a cumprir atividades contrárias à sua fé. São exemplos dessa postura mártires valorosas, como Tecla (séc. I), Perpétua e Felicidade (século II-203 d.C.), Crispina (século III-IV d.C), Balbina (século II d.C-132 d.C).

Conclusão: Antes de o cristianismo ser hegemônico, não era possível seguir Jesus ou confessar a fé cristã dentro dos limites reservados à mulher nas culturas clássica e judaica. Percebendo isso, passa a ser um equívoco histórico e teológico a defesa da imutabilidade da ideologia patriarcal e machista em que a mulher é submissa ao homem e limitada ao ambiente doméstico.

Bibliografia:
CAMARA, Yls Rabelo; CÂMARA, Yzy Maria Rabelo; LINHARES NETO, Guilherme; SOUTULLO; Melina Raja. El Elemento Femenino en el Principio de la Cristiandad. Em: Caderno Espaço Feminino - Uberlândia-MG - v. 27, n. 1 - Jan/Jun. 2014 – ISSN online 1981-3082.
CHEVITARESE, André Leonardo; Cornelli, Gabriele; Selvatici, Mônica (orgs.). Jesus de Nazaré: uma outra história. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2006.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

IDOLATRIA ANTIGA E CONTEMPORÂNEA

“Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás (...)”
(Ex 20: 2-6)

Mas...

Um ídolo não é necessariamente uma escultura, e uma escultura não é necessariamente um ídolo.

- Ídolo é tudo que ocupa o lugar de Deus

E qual é o lugar de Deus?

“É a sua preocupação última”. Paul Tillich
- A preocupação mais profunda, aquela que, retiradas todas as outras que estão mais à superfície, permanece.
- É onde você coloca: a sua felicidade, a sua confiança, a sua esperança. Esse é o seu Deus, o seu tesouro.
“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6:21).

Coisas que, em si, são boas (ou não são boas nem ruins) podem assumir o caráter de ídolo: pessoas, hábitos, valores, preocupações, dinheiro, trabalho, e até a religião. O problema não são as coisas, e sim a dimensão que elas tomam em nossas vidas: a sua devida dimensão ou a dimensão de deuses.

  1. Pessoas
Se amarmos ao próximo como a nós mesmo, Deus estará acima de todas as coisas. Se amarmos ao próximo mais do que a nós mesmos, ou estamos amando demais o próximo (e ele se torna nosso ídolo, sem o qual não podemos viver), ou amamos de menos a nós mesmo (déficit de autoestima). Se amarmos a nós mesmos mais que ao próximo, o nosso ídolo é o próprio ego.
  1. Dinheiro / Trabalho
O trabalho se torna um ídolo se deixamos de trabalhar para viver e passamos a viver para trabalhar. O dinheiro se torna um ídolo se deixamos de ganhar dinheiro para viver e passamos a viver para ganhar dinheiro. Não podeis servir a Deus e a Mamon (Mt 6:24).
  1. Hábitos
Nossos hobbies, paixões, prazeres, manias, coleções e consumo tomam a dimensão de ídolos a partir do momento em que assumem um caráter compulsivo. Um hábito não é algo ruim, o problema é não conseguir viver sem ele. A chave para sair da compulsão é entender que liberdade não é ter tudo. Liberdade é:
Pensamento -> Decisão -> Responsabilidade
Pensar é pesar. A cada escolha, pesamos as opções e decidimos: cindimos! Separamos o que é nosso do que não é. E nos responsabilizamos pela decisão: pelo que foi preferido e pelo que foi preterido. O antídoto para a compulsão é o foco no nosso caminho.
A compulsão existe quanto não conseguimos escolher. Queremos todas as roupas, todos os brinquedos, todos os amores. Queremos tudo, mais do que conseguimos lidar, e assim saímos dos nossos limites humanos, nos fazendo deuses. Também, aqui, o ego se torna um ídolo.
  1. Valores
Um ídolo é aquilo que tornamos absoluto. Apenas Deus é absoluto. Nossos valores são bons e importantes em nossas vidas, eles nos fazem pessoas íntegras. Mas eles não servem necessariamente para todas as pessoas em todas as épocas. Por vezes, eles podem estar equivocados, pois somos humanos e falhos. Se tornamos nossos valores absolutos, nos fazemos perfeitos, e nosso ego se torna um ídolo.
  1. Religião
Se nosso sonho é fazer que nossa religião domine o país ou o mundo, não importando o quanto de sua essência terá de ser abandonada pelo caminho, nossa religião se tornou nosso ídolo, e Deus ficou em segundo plano.
Nossos ritos religiosos, ainda que bons e edificantes em essência, também podem se tornar talismãs. Se eu leio a bíblia todos os dias antes de sair de casa, e um dia por um acaso eu não posso fazê-lo, isso não quer dizer que eu fiquei devendo uma leitura. Em Cristo não há nenhuma dívida.
  1. Preocupações
É saudável nos preocuparmos com o que está em nossas mãos. Aquilo com que podemos lidar, nossa parte no plano de Deus, isso fazemos. São os nossos velhos conhecidos, o jugo suave e o fardo leve. As preocupações que não estão em nossas mãos, essas devemos colocar no altar de Deus e descansar nosso coração. Esse altar é infinito, nele cabem todas as coisas.
Se assumimos preocupações que estão além das nossas forças, não respeitamos nossos limites humanos. Por mais nobres que sejam os motivos, estaremos aqui também querendo nos fazer deuses.
Em suma, o que está em suas mãos fazer, faça e descanse. O que não está em suas mãos, entregue a Deus e descanse.

Como escapar da idolatria?

“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes”.
(Mc 12:30-31)

Para cumprir o Grande Mandamento, não é preciso fazer esforço nenhum, apenas abrir o coração para Deus. Ele, então, derrama sore nós o Seu amor (Rm 5:5), e esse amor ocupa todas as dimensões do nosso ser.

Coração – Dimensão Espiritual
Alma – Dimensão Psíquica
Entendimento – Dimensão Intelectual
Forças – Dimensão Física

Mesmo quando estamos fracos, em Deus, somos fortes.
Portanto, abandonemos a culpa e coloquemos em seu lugar um sentimento muito mais benéfico: a gratidão. Sejamos gratos a Deus por errar, porque Ele nos mostra nossos erros, por podermos aprender com eles e ensinar o próximo com a nossa experiência.

Em resumo, para não cair na idolatria, não é preciso fazer nada, apenas relaxar e confiar em Deus. Ele não permitirá que o teu pé vacile (Sl 121:3).

Por fim, a ideia de que mesmo um crente pode está sujeito à idolatria pode despertar em nós sentimentos como medo e culpa. Não caiamos nesses sentimentos negativos, pois o caminho é justamente o oposto.
Estamos sujeitos à compulsão e à idolatria porque somos humanos e, portanto, falhos. Todos temos nossos momentos de versículo 1 do salmo 121: estamos sujeitos a fraquejar. Querer não errar é querer ser Deus, é se colocar no lugar de Deus e, novamente, cair na idolatria.