quarta-feira, 28 de novembro de 2018
6 DICAS PARA DISCUTIR POLÍTICA SEM ÓDIO (ESSA NECESSÁRIA ARTE)
sexta-feira, 7 de setembro de 2018
A VIOLÊNCIA
Dizer que uma vítima de violência plantou o que colheu é quase dizer que bandido bom é bandido morto.
sexta-feira, 13 de julho de 2018
O QUE O DISCURSO ANTICORRUPÇÃO PODE OCULTAR?
- Discurso acima da Prática.
- Apologia às Privatizações.
- Desfavor à Democracia.
- “Origem de todo o Mal”
terça-feira, 26 de junho de 2018
MUITO ALÉM DOS LIMITES DA TRADIÇÃO: AS MULHERES NOS PRIMÓRDIOS DO CRISTIANISMO
sexta-feira, 15 de junho de 2018
IDOLATRIA ANTIGA E CONTEMPORÂNEA
“Eu sou o Senhor, teu
Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses
diante de mim.
Não farás para ti
imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em
cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da
terra.
Não te encurvarás a
elas nem as servirás (...)” (Ex 20: 2-6)
Mas...
Um ídolo não é necessariamente uma escultura, e uma escultura não é necessariamente um ídolo.
- Ídolo é tudo que ocupa o lugar de Deus
E qual é o lugar de Deus?
“É a sua preocupação última”. Paul Tillich
- A preocupação mais profunda, aquela que, retiradas todas as outras que estão mais à superfície, permanece.
- É onde você coloca: a sua felicidade, a sua confiança, a sua esperança. Esse é o seu Deus, o seu tesouro.
“Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6:21).
Coisas que, em si, são boas (ou não são boas nem ruins) podem assumir o caráter de ídolo: pessoas, hábitos, valores, preocupações, dinheiro, trabalho, e até a religião. O problema não são as coisas, e sim a dimensão que elas tomam em nossas vidas: a sua devida dimensão ou a dimensão de deuses.
Pessoas
Se
amarmos ao próximo como a nós mesmo, Deus estará acima de todas as
coisas. Se amarmos ao próximo mais do que a nós mesmos, ou estamos
amando demais o próximo (e ele se torna nosso ídolo, sem o qual não
podemos viver), ou amamos de menos a nós mesmo (déficit de
autoestima). Se amarmos a nós mesmos mais que ao próximo, o nosso
ídolo é o próprio ego.
Dinheiro / Trabalho
O
trabalho se torna um ídolo se deixamos de trabalhar para viver e
passamos a viver para trabalhar. O dinheiro se torna um ídolo se
deixamos de ganhar dinheiro para viver e passamos a viver para ganhar
dinheiro. Não podeis servir a Deus e a Mamon (Mt 6:24).
Hábitos
Nossos
hobbies, paixões, prazeres, manias, coleções e consumo tomam a
dimensão de ídolos a partir do momento em que assumem um caráter
compulsivo. Um hábito não é algo ruim, o problema é não
conseguir viver sem ele. A chave para sair da compulsão é entender
que liberdade não é ter tudo. Liberdade é:
Pensamento -> Decisão -> Responsabilidade
Pensar é pesar. A cada escolha, pesamos as opções e decidimos: cindimos! Separamos o que é nosso do que não é. E nos responsabilizamos pela decisão: pelo que foi preferido e pelo que foi preterido. O antídoto para a compulsão é o foco no nosso caminho.
A compulsão existe quando não conseguimos escolher. Queremos todas as roupas, todos os brinquedos, todos os amores. Queremos tudo, mais do que conseguimos lidar, e assim saímos dos nossos limites humanos, nos fazendo deuses. Também, aqui, o ego se torna um ídolo.
Valores
Um
ídolo é aquilo que tornamos absoluto. Apenas Deus é absoluto.
Nossos valores são bons e importantes em nossas vidas, eles nos
fazem pessoas íntegras. Mas eles não servem necessariamente para
todas as pessoas em todas as épocas. Por vezes, eles podem estar
equivocados, pois somos humanos e falhos. Se tornamos nossos valores
absolutos, nos fazemos perfeitos, e nosso ego se torna um ídolo.
Religião
Se
nosso sonho é fazer que nossa religião domine o país ou o mundo,
não importando o quanto de sua essência terá de ser abandonada
pelo caminho, nossa religião se tornou nosso ídolo, e Deus ficou em
segundo plano.
Nossos
ritos religiosos, ainda que bons e edificantes em essência, também
podem se tornar talismãs. Se eu leio a bíblia todos os dias antes
de sair de casa, e um dia por um acaso eu não posso fazê-lo, isso
não quer dizer que eu fiquei devendo uma leitura. Em Cristo não há
nenhuma dívida.
Preocupações
É
saudável nos preocuparmos com o que está em nossas mãos. Aquilo
com que podemos lidar, nossa parte no plano de Deus, isso fazemos.
São os nossos velhos conhecidos, o jugo suave e o fardo leve. As
preocupações que não estão em nossas mãos, essas devemos colocar
no altar de Deus e descansar nosso coração. Esse altar é infinito,
nele cabem todas as coisas.
Se assumimos preocupações que estão além das nossas forças, não respeitamos nossos limites humanos. Por mais nobres que sejam os motivos, estaremos aqui também querendo nos fazer deuses.
Em suma, o que está em suas mãos fazer, faça e descanse. O que não está em suas mãos, entregue a Deus e descanse.
Como escapar da idolatria?
A ideia de que mesmo um crente pode estar sujeito à idolatria pode despertar em nós sentimentos como medo e culpa. Não caiamos nesses sentimentos negativos, pois o caminho é justamente o oposto.
Estamos sujeitos à compulsão e à idolatria porque somos humanos e, portanto, falhos. Todos temos nossos momentos de versículo 1 do salmo 121 (“Elevo os olhos para os montes; de onde me virá o socorro?”): estamos sujeitos a fraquejar. Querer não errar é querer ser Deus, é se colocar no lugar de Deus e, novamente, cair na idolatria. Mas a resposta à pergunta “como escapar da idolatria?” é simples assim:
“Amarás,
pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este
é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento
maior do que estes”. (Mc 12:30-31)
Para cumprir o Grande Mandamento, não é preciso fazer esforço nenhum, apenas abrir o coração para Deus. Ele, então, derrama sobre nós o Seu amor (Rm 5:5), e esse amor ocupa todas as dimensões do nosso ser.
Coração – Dimensão Espiritual
Alma
– Dimensão Psíquica
Entendimento
– Dimensão Intelectual
Forças
– Dimensão Física
Mesmo quando estamos fracos, em Deus, somos fortes.
Portanto, abandonemos a culpa e coloquemos em seu lugar um sentimento muito mais benéfico: a gratidão. Sejamos gratos a Deus por errar, porque Ele nos mostra nossos erros, por podermos aprender com eles e ensinar o próximo com a nossa experiência.
Em
resumo, para não cair na idolatria, não é preciso fazer nada,
apenas relaxar e confiar em Deus. Ele não permitirá que o teu pé
vacile (Sl 121:3).
quinta-feira, 31 de maio de 2018
DEMOCRACIA E RESPONSABILIDADE
O documentário “Noite e Neblina” (1956), do francês Alain Resnais, foi o primeiro produzido sobre o Holocausto. A obra teve como intuito manter viva a memória de todos os horrores do acontecido e sua interpretação não como acidente histórico, mas como consequência do perigo fascista que sempre pode voltar a acontecer, em qualquer época, em qualquer lugar.
IMPOSTOS
O problema do sistema tributário não é o tamanho da carga tributária. São dois os problemas: se sua distribuição é justa (quem paga mais e quem paga menos imposto) e para onde vai o imposto. Porque o imposto não atende às necessidades do povo? Muito mais do que pela corrupção, é pelas prioridades orçamentárias que o dinheiro público não atente às necessidades públicas. O orçamento público atende proritariamente aos mais ricos e, antes dos políticos, aos credores públicos, do setor privado.
Se não tomarmos consciência da necessidade de revermos as prioridades orçamentárias ao invés de simplesmente pedirmos menos impostos, os impostos que conseguirmos reduzir serão justamente os que ainda financiam o já fraco atendimento às necessidades da população. Estaremos jogando contra nossos próprios interesses e novamente sendo massa de manobra, como em 2016, 2015, 2013, 1964...
quarta-feira, 16 de maio de 2018
CONCEITOS DE CIVILIZAÇÃO E BARBÁRIE
1) “Civilização é a exterminação dos bárbaros”.
Esse é o conceito mais reacionário e ultrapassado de civilização, mas ainda forte no discurso de muita gente. Segundo ele, em suma, bárbaro é o outro, aquele que não sou eu. Eu posso eliminar o outro porque ele é bárbaro e eu sou civilizado. Tal postura resulta em um círculo vicioso, pois se o bárbaro também pensar assim, também vai me achar digno de ser exterminado. “Que barbaridade!”, direi eu, e então concluirei: “Estão vendo como eles eram bárbaros mesmo?” Essa lógica binária e burra acaba assim gerando conflitos intermináveis ou, quando uma parte é mais forte que a outra, massacres. Foi segundo esse princípio que as potências europeias empreenderam genocídios em suas colônias na África, incluindo o extermínio dos hererós (da Namíbia) pelos alemães, entre 1904 e 1907, que serviu de modelo para o genocídio dos judeus pelos nazistas.
2) “Bárbaro é aquele que acredita em barbárie”.
A definição do antropólogo Lévi-Strauss (1908-2009) é o extremo oposto da anterior, mas também é problemática. Se o conceito de bárbaro não existir, o que dizer de genocídios e campos de concentração?
3) “Bárbaro é aquele que crê que uma população ou um ser não pertencem plenamente à humanidade e merecem tratamentos que eles mesmos recusariam firmemente aplicar a si mesmos”.
Por fim, uma terceira visão sobre civilização e barbárie, de Tzvetan Todorov, é a que defendemos aqui. Essa noção permite entender que a barbarização do outro: sua desumanização. Esta, por sua vez, permite que se cometam contra ele atos bárbaros. Permite, enfim, a aniquilação do outro. Permitiu o Holocausto e demais genocídios de nossa História.
Bibliografia:
GRESH, Alain. “Da Batalha de Termópolis ao 11 de Setembro”. Le Monde Diplomatique Brasil, janeiro de 2009.
sexta-feira, 4 de maio de 2018
RAÍZES DO ÓDIO
3 RAZÕES POR QUE O LINCHAMENTO É NEFASTO
Erro tipo 2 – Inocentar o réu, caso ele seja culpado.
Sob a possibilidade de pena de morte, isso fica ainda mais óbvio. Nesse caso, o erro tipo 1 é irreparável, sendo, em si, um crime hediondo.
Mas também quando inexiste a pena de morte, como no sistema brasileiro, o erro tipo 1 é pior que o erro tipo 2, ou seja, é preferível absolver um culpado a condenar um inocente.
Lembremos que, se o linchamento físico é a maior das barbáries, existe ainda o linchamento moral, que também causa danos irreparáveis às suas vítimas.
Para evitar a prática de qualquer tipo de linchamento, físico ou moral, as democracias adotam como princípio a presunção de inocência.
O “garantismo” é uma forte característica da Constituição de 1988:
TÍTULO II
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
A democracia é o regime que se caracteriza pelo governo do povo. Nele, as decisões são tomadas pelo voto da maioria, mas democracia não pode ser confundida com uma ditadura da maioria!
Os direitos e garantias fundamentais, portanto, visam proteger as minorias da eventual fúria destruidora das maiorias.
O linchamento é evitado quando há o devido processo legal. O argumento dos linchadores quase sempre evoca a “lentidão” da justiça. Ora, assegurar que um inocente não seja condenado é algo que exige mesmo algum tempo. A justiça deve, portanto, procurar ser o mais rápida possível, mas sem que nenhum dos ritos necessários à sua assertividade se perca. Uma justiça rápida demais erra muito, e aumenta consideravelmente as chances de se cometer injustiça. Nenhuma alternativa à justiça lenta resolve seus problemas sem gerar outros maiores. Quando há pressa excessiva de se condenar o acusado, os fatos não são examinados com o devido cuidado.
Se houver acontecido o crime em questão e inocentes forem condenados, o criminoso verdadeiro automaticamente estará solto e livre de qualquer acusação. Na hipótese de o crime ter de fato acontecido, condenar um inocente implica também absolver um culpado.
Por isso tudo, o contraditório e a ampla defesa são necessários. Por isso, nunca devemos nos esquecer de que todo cidadão é inocente até que se prove o contrário. Há outros modos de tornar a justiça mais eficiente possível, mas SEM abrir mão das garantias que não servem para proteger bandidos, mas para proteger a todos nós.