sábado, 17 de julho de 2021

O PROBLEMA DA PROSPERIDADE NO MEIO CRISTÃO

O problema não é a prosperidade, mas o que se entende por prosperidade. Para o discípulo de Jesus, prosperidade não significa ter muito, mas precisar de pouco. O cristão que adota a prosperidade como valor e a entende como acúmulo de bens de luxo não está observando com cuidado o ensino de Cristo.

domingo, 4 de abril de 2021

OS PASTORES E OS LOBOS


"O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância. Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas." João 10:10-13

O mercenário não tem cuidado com as ovelhas. Lideranças religiosas que, em plena pandemia, conduzem os fiéis para aglomeração, sob pretexto do culto, não têm cuidado com as ovelhas. Estão condenando muitas delas à morte com isso. Não são pastores.

Estes tempos tão dolorosos nos deram pelo menos isto: a oportunidade de enxergar claramente quem são os verdadeiros pastores e quem são os lobos. São pastores aqueles que orientam seus liderados aos cuidados necessários, consigo e com o próximo. Os que entendem que as atividades religiosas devem continuar de forma não presencial. Os que não reivindicam na justiça o "direito" de colocar sua igreja em risco.

Porque o culto que é atividade essencial para o crente não se dá em construções, mas dentro do coração. Não é preciso sair de casa para que ele aconteça: seu corpo é o templo.

"Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. (...) Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores." João 4:21, 23

Figuras religiosas falam muito em jejum, mas não percebem o óbvio: o jejum que nos é proposto agora não é de comida, mas de sair de casa sem necessidade. Não é sacrifício sem sentido, mas para salvar vidas. Porque, como escrito em Eclesiastes 3, há tempo para tudo nesta vida.

No entanto, desaprendemos a nos adaptar às circunstâncias, não sabemos mais parar. Não conseguimos mais ficar em casa olhando para dentro de si. Somos viciados na agitação da vida que não para, naturalizamos esse estado de coisas e, pior, achamos que temos direito a ele.

Isso é fruto de nosso sistema viciado, em que as pessoas servem à economia, e não o contrário. Em que a sociedade serve o mercado, e não o contrário. Ora, esse modelo de sociedade não funciona mais, se é que já funcionou. Não dará conta do desafio presente, nem dos futuros. O planeta não vai aguentar o ritmo de uma civilização que não sabe parar.

Quanto ao Brasil... Bom, um dos grandes problemas é que aqui há muita gente dizendo "Senhor, Senhor!" e poucos fazendo a vontade do Pai.

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." Mateus 7:21

Fazer a vontade de Jesus é amar o próximo, e amar o próximo é preocupar-se com a sua saúde E com seu sustento. É preciso garantir o isolamento para conter o vírus e suas intermináveis variantes. É preciso que as atividades não essenciais que geram aglomeração sejam interrompidas. É preciso socorrer as pessoas que não puderem trabalhar e também os negócios que não puderem se manter. É necessário auxílio emergencial de 600 reais até o fim da pandemia. É preciso, portanto, que os setores mais ricos da sociedade garantam o financiamento do Estado de forma sustentável. Para isso, faz-se mister uma reforma tributária justa, que resulte em um sistema que transfira recursos dos abastados para os necessitados, e não o contrário, como acontece no atual.

Menos do que isso não vai evitar que a presente calamidade continue e se torne ainda pior.

sábado, 12 de dezembro de 2020

A POLÍTICA É INESCAPÁVEL

A política é inescapável. Por isso, se, por um lado, entregar sua alma a ela nunca dá em boa coisa, por outro, odiá-la é perder energia em vão. Ela é ferramenta. Pode tanto servir à dominação de um ser humano por outro quanto impedir essa mesma dominação. Sem ela, há a dominação do mais fraco pelo mais forte, dominação essa que ela pode potencializar, mas que só ela pode impedir. Nesse sentido, a política será tão virtuosa quanto mais seja movida pelo intuito de buscar a igualdade de poder entre os indivíduos, de modo que um não possa dominar o outro.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

DIFERENÇA ENTRE IDEOLOGIA E PROSELITISMO IDEOLÓGICO

O grande equívoco no debate sobre ideologia no ensino é confundir ideologia com proselitismo ideológico. Este último, sim, é sempre a tentativa de colonização do outro e, por isso, indesejável. O antídoto para a colonização do outro é a liberdade do professor e do aluno. E, no, entanto, aquele que defender a educação libertária, certamente será taxado de "ideológico". De fato é: o respeito à liberdade do aluno é ideologia, como também é ideológica qualquer tentativa de determinar o que deve e o que não deve ser ensinado nas escolas. O movimento "escola sem partido", ao propor uma inaceitável intervenção do estado no trabalho do professor, filia-se escancaradamente a uma ideologia ultraconservadora, mesmo vendendo-se como combate à “ideologia”. Não é o caráter ideológico de um discurso que é bom ou ruim, mas o conteúdo desse discurso e dessa ideologia.

A ideologia, como a política, não é exclusividade da burocracia partidária. Religião é ideologia. Os direitos humanos e qualquer direito ou lei é ideologia. A pátria é uma ideologia. O jornalismo, mesmo o mais honesto, é necessariamente ideológico, a começar pela escolha do que deve ser noticiado ou não. E até uma escola que ensine apenas matemática terá sua ideologia, ao escolher alienar o estudante das questões sociais, com todas as consequências que essa lacuna trará para a sociedade.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

UM SALMO

Saber que lá é melhor

E que lá começa aqui

Perder o medo da morte

Sem criar medo da vida

Saber que em Suas forças

Por tudo posso passar

Perder o medo da morte

Sem jamais negar a vida

Viver o tempo presente

Construindo o que se dá

Vencer o medo e a morte

Coragem! Viver a vida

Saber que um dia ela vem

Sem motivo pra apressar

Sem ter medo da chegada

Apreciar o caminho

Um dia de cada vez

Rumo ao sábio coração

Perder o medo da morte

Sem deixar de amar a vida

quarta-feira, 22 de julho de 2020

APARENTE CONTRADIÇÃO NA BUSCA DO EQUILÍBRIO


Neste mundo em que vivemos a ilusão da individualidade, a busca pela harmonização entre o bem estar próprio e o bem estar do próximo, em busca do equilíbrio desejável, não é tarefa óbvia. Já sabemos que a saúde emocional pede que separemos o que é nosso do que é do outro. Sabemos também que a saúde espiritual será maior na medida e que, superando o ego, entendamos que “eu e o universo somos um”. Ora, a questão que surge, desafiando nosso entendimento é: há aí uma contradição?

Só aparente. Saber que o que é do outro não é seu não impede de ajudar esse outro. Pelo contrário, lhe dá uma visão mais nítida para que essa ajuda seja feita de forma mais segura, dentro do equilíbrio acima mencionado. Essa medida (não óbvia, como dito) é a que deve ser buscada. É a melhor para si (pois não nos coloca em posições de sacrifício vão, que nos prejudiquem ou nos destruam, sem que um bem maior seja necessariamente alcançado) e também para o próximo. O que é seu é o que te cabe e é possível fazer, e isso inclui a sua ajuda. Ajudar ao próximo, assim, tem de ter por condição não fazer mal ao todo, e isso inclui a si mesmo. Caso contrário, alimentamos o ego, ainda que o de outro. Fazer mal a si é fazer mal ao outro, e ao todo.

Em tempo: o auto-esvaziamento, a kenosis, é a superação do ego em nome do bem maior. O sacrifício, nesse sentido, nunca será a regra, mas a exceção: é o abrir mão do próprio interesse quando ele se contrapõe ao bem maior. Um exemplo bem fácil e atual: abrir mão da liberdade de sair à rua superfluamente para não contribuir para o agravamento da pandemia.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

AMIGO


Amigo seria o mais importante dos títulos de nobreza, não fosse a leveza do sentimento mais puro, muito acima de mesquinharias.

Amigo é o companheiro em cuja presença o tempo para.

Amigo é o amparo que nos equilibra em meio às maiores dificuldades. É o que surge oportuna e magicamente, antes mesmo de chamarmos.

Amiga é a data mais bela de todo o calendário.

A mãe amiga é mais que mãe: é o abraço que cura toda tristeza. O pai amigo é presença que conforta o coração, mesmo muito após ter deixado este mundo.

O irmão amigo é mais que irmão: é o refúgio nas tempestades da vida. E o amigo amigo também é mais que amigo, é irmão.

Amiga é a melhor companhia, que torna qualquer momento colorido. Um companheiro é amigo quando só nos pode fazer bem.

Amigo é o animal, puro como criança, cuja maior ambição é estar ao nosso lado.

Amiga é a Terra, que de graça nos dá de comer, e sustenta nossas pisadas.

Amigo é o Deus que, incrível, já não nos chama servos, mas amigos, concedendo-nos o maior dos títulos, por pura graça e amor.

Pois assim, como enfim aprendemos, tão simples e infinito, faz-se nascer um amigo.